Dos medos

Entramos na 16 semaninha! Já senti umas tremidinhas, nenhum chutinho concreto, acredito que começo de agosto já esteja sentindo.
Estou fazendo alguns exercícios, quase todos os dias....

Não é porque essa é a segunda gravidez que eu esteja mais tranquila quanto à tudo... muito pelo contrário!
Acho que não fiz nenhum post sobre meus medos na gravidez da Gá, porque simplesmente não haviam esses medos que tenho agora. Na gravidez da Gá tudo correu bem (nessa também) e eu não fazia planos concisos sobre nada. Não me preparei nem idealizei nada, em partes porque detesto me frustrar, mas em maior parte porque me faltou buscar informações. Eu simplesmente deixei os dias passarem, tomei as vitaminas necessárias, comprei as peças básicas de enxoval e fui alimentando o sonho da maternidade dia após dia. Eu me sentia super preparada para tudo, porque sempre fui muito forte, decidida, sempre me resolvi sozinha, tanto com as coisas práticas do dia-a-dia quanto emocionalmente, então ter um bebê seria uma das muitas realizações na vida que eu tiraria de letra!
Cuspi pro alto, assim, bem em cima mesmo, porque voltou e caiu na minha testa.
Eu acreditei que teria um parto normal, mas meu médico me convenceu que eu não seria capaz. Eu acreditei, claro, quem vai duvidar de um médico? Eles sabem de tuuuudo, não há o que discutir. Me deram uma dose extra de anestésico durante a cirurgia, porque eu fiquei muito louca... não me lembro do momento do nascimento da minha filha... eu tenho 4graus de miopia, e me proibiram de usar meus óculos para vê-la, então realmente me lembro muito menos desse encontro. Depois me apagaram de vez, alegando que eu teria que descançar um pouco, e estavam me costurando ás 09:00, acordei ás 13:30 e me trouxeram minha filha ás 16:30... Que animal deixa sua cria recém nascida longe, afastada da única coisa que ela conhece, do cheiro, da voz da mãe? Desconheço... Apenas humanos fazem isso.... Se isso ainda me dói hoje? Dói muito. Ainda mais sabendo, depois de muito estudar e informar, que eu poderia ter conseguido sim o parto normal, e que poderia estar 100% lúcida para receber ela da melhor forma. Não me dói ter tido uma cirurgia (não estou aqui para condenar cesáreas, mas para mim, ela não foi necessária e ainda me trouxe muitos arrependimentos), me dói não ter recebido minha filha, não ter estado com ela, não ter incentivado a amamentação, não ter dado o carinho em seu recebimento. E depois de me informar sobre os procedimentos realizados nela, me doeu permitir o que ela teve que aguentar (colírio ardido sem necessidade, sucção das vias aéreas, sala fria, mãos frias pegando, esticando o corpo todo, abandono da mãe, fome, luminosidade exagerada para quem nunca teve contato com isso, machucado na cabeça, por conta dos equipamentos médicos utilizados). Tudo isso, sem uma explicação, sem uma necessidade de ser feito.... não havia necessidade de retirá-la tão cedo (36+6)...
Mas minha filha nasceu forte! Ainda bem que teve pulmão para respirar mesmo quando a abrigam tão repentinamente... não precisou de nada artificial para ajudá-la, isso foi muita sorte, agradeço ao meu Deus por tê-la guardado! A hoteria do hospital era maravilhosa, por mim moraria lá todo o pós parto, nem dá para perceber que praticam VO, eu mesma não percebi isso.
Não fizemos o reconhecimento inicial, o leite claro, demorou para descer, eu não tive paciência, amor, e consciencia necessária para ter a recebido melhor. Afinal, eu deveria saber como.
Os cuidados, desde o primeiro dia, nunca tive dificuldades... banho, fraldas, cocô... tudo isso é realmente fácil, difícil é criar vínculo, é se entregar, e perceber que somos e vivemos para outra pessoinha.
Me rendi ao LA.... me rendi à deixar chorar... me rendi a não fazer cama compartilhada... me rendi a deixar em escolinhas por 12h diárias...
Uma nuvem escura começou a andar sobre mim, eu era um robô que fazia minhas obrigações mas que não conseguia amar de verdade. Eu sabia que era minha obrigação, mas eu não conseguia, eu sou teimosa.
O pós parto foi mais que punk, foi skinhead...
Talvez me preocupasse menos em silenciar o choro de minha filha e mais em acolher suas lágrimas... ela refletia aquilo que eu era, refletia meu estado, e eu queria silenciá-la. Ela reclamava atenção, carinho e eu tentava pensar o que todos me diziam: manha. Um bebê recém nascido faz manha gente, que criança inteligente!

Com os meses e ANOS fui aprendendo muito com minha pequena. Ela realmente me ensinou, ela me transformou, ela me fez ir buscar respostas para as minhas dúvidas, ela me fez formar opinião, ela me fez não acreditar em médicos Deuses, ela me fez perceber que médicos são auxiliares no meu cuidado materno. Hoje, escuto opiniões de médicos, e filtro o que me convém. Essa foi uma das amarras que ela me fez entender... desde que segui minha intuição materna, desde que fiz tratamentos caseiros com a Gá, sua saúde ficou 90% melhor, foi incrível e notável a  mudança!

Incrível que, quanto mais acreditamos em nós mesmos, mais as coisas fluem... que não devemos depositar nossa esperança, nossa vida nas mãos de ninguém, que nós somos capazes, que nós podemos!
Minha filha me curou disso, da obediência crônica.

Hoje, toda essa nuvem negra não existe mais, eu vejo a luz do sol, mas estou sim com medo da tempestade voltar... e dessa vez, mesmo sabendo fazer a dança do sol, acreditar apenas em mim não é o suficiente.
Quando se têm conhecimento e se falha, a dor é muito maior.
Eu acredito que fazer diferente dessa vez ajudaria a curar feridas, ajudaria a esclarecer para a Gá como as coisas são melhores assim, e para mim mesma. Espero me sentir capaz para enfrentar o sistema, o baby blues, a casa suja, a falta de sono, o apelo consumista....

Depois vêm o medo de ser mãe de dois. Duas vidas, duas pessoas completamente diferentes, com necessidades diferentes, com gostos, sempre esperando algo de mim. Serão partes minhas andando pelo mundo por toda a vida. Engraçado que escrevi isso parecendo ser assustador, mas reli e achei lindo! Duas pessoas, parte de mim, no mundo. Que vieram de mim, eu carreguei, gestei, e espero parir ao menos 1 deles...

Eu tenho todos esses medos, mas ao mesmo tempo penso em quantos filhos mais gostaria de ter... todas as fases terríveis e maravilhosas que passei me dão saudade, e daqui uns anos terei novamente, e saber que tenho filhos, companheiros e amigos nesse mundo me dão esperança de ter amor por toda a vida, e poder dar esse amor. Porque mãe faz isso de maneira gratuita mesmo, é grátis e é gratificante.

Realmente, essa gestação têm sido uma preparação e tanto, minha cabeça está a mil. Não preparei quarto, roupas, nada disso... nessa fase da Gá, acho que já tinha o quarto completo.... mas dessa vez a preparação é mais profunda, e por isso mais difícil.
O que mais meu filho (a) precisa é de mim, espero estar inteira para ele, desde o primeiro momento.

Estou cheia de medos, mas os medos não vão paralisar, estão me impulsionando.