Quando a Gá nasceu, eu já havia lido à respeito de algumas "fórmulas" mágicas para lidar com bebês. Na verdade, na gravidez eu não me interessei tanto pelo assunto, pois em minha cabeça quando ela nascesse, a natureza ia agir e eu saberia o que fazer. Dessa mesma maneira pensei que seria o parto, mas isso, deixemos para outro dia.
Sempre fui muito segura do que penso, quero, das minhas escolhas.
Mas quando os tornamos mães, nem tudo depende só de nós. E essa batalha interna que tive de decidir por outra vida foi complicada.
Fiquei extremamente preocupada de não conseguir impor um ritmo para a rotina dela, de não conseguir fazê-la dormir sozinha, de não conseguir fazê-la dormir longe de mim. Me sentia frustrada porque a sociedade me dizia que minha filha era mimada, era apegada demais, precisava ser independente. E na verdade, tudo isso era o que EU mesma pensava... No início queria essa independência toda dela para que ela mesma fosse mais feliz e segura assim (como isso neh?), e depois queria ter um tempo para tomar banho, comer, só coisas fisiológicas mesmo, nada demais, mas queria! Me sentia frustrada por não conseguir e culpada por pensar em querer algo para mim.
Era uma luta interna imensa!
Mas hoje entendo perfeitamente o que senti, foi muito humano sim; mas compreender tudo o que se passou e entender, me ajudou muito a ter laços mais fortes com minha pequena hoje.
Sempre existiu o amor, porque naturalmente Deus na sua perfeição, nos faz proteger, cuidar. Mesmo que as formas de cuidado sejam distintas, mas sempre focado no melhor, porque mãe é isso, é amor.
Mas faltava algo... faltava me livrar das amarras, faltava maternar com entrega. Eu tive muitos conflitos internos por querer permanecer com minha vida, e sou daquelas pessoas 8 ou 80, ou fico ali na espreita, ou me entrego totalmente à causa, e então me entreguei ao amor. Não tem data exata e que isso ocorreu, mas o fato que é as coisas têm melhorado.
Como pode isso não é, uma mãe que decide ser mãe mas que não se entregou?
É, acredito que esta fui eu. Ainda grávida, me imaginava em minha carreira, fazendo minha pós, minhas especializações, terceirizando a educação da minha filha, a hora de colocar na cama, o banho, as brincadeiras... porque assim que vejo a sociedade de futuro, focada em terceirizar a educação. E não tem problema, porque amor se compra depois... não teria minha presença, mas teria posses, casa, apto na praia, carro 0 aos 18 anos... e tudo isso com certeza compensaria minha ausência. E ainda melhor: minha ausência estimularia uma criança independente. Eu até tentaria me desdobrar nas madrugadas fazendo uma papinha, porque queria sim participar de momentos importantes, mas não dá para se dedicar integralmente à nada... e como disse, ou sou 8 ou 80...
Mas eu não consegui sustentar isso por muito tempo não... logo ao voltar para o trabalho: o que estou fazendo aqui? Minha filha numa escola por 12h no dia! Mas, a necessidade fala mais alto, e então, afastei esses pensamentos da minha cabeça, pensei apenas nos pontos a favor, e assim segui. Eu precisava trabalhar porque por muito tempo, me senti só e a única responsável pela educação da Isabella. E também achava que, ela precisava de muitas coisas. Mas ela mesma foi me mostrando que não, que pouco precisava... e que eu poderia influenciar em suas escolhas também. E com o tempo, o pai foi chamado nessa responsabilidade de sua criação, e com esses dois novos pensamentos em minha cabeça eu pude ter um novo olhar sobre as escolhas e atitudes minhas, cm relação à Isabella, com relação à sua vidinha preciosa.
Quando passei à pensar nisso, ela já dormia sozinha, comia sozinha, estava sim independente. Mas se frustrava muito, estava tendo muitas dificuldades de lidar com perda. Havia muitos ciúmes, muita insegurança.
Hoje lido muito melhor com tudo, e ela idem! Não só porque tudo passou e agora está mais fácil, não, não, porque cada fase tem as suas dificuldades. Já ouviram falar que filho é como vídeo-game? Quanto mais passa as fases, mais difícil fica? Pois é...
O que fez tudo ficar melhor foi meu posicionamento sobre tudo isso: Isabella e seu crescimento, desenvolvimento, nossa rotina, nossas tarefas, nossas necessidades. Hoje sei o que é realmente importante para ela, e isso sem dúvida não vai faltar, o restante, ela pode conquistar com seu esforço. E claro que, minha presença é fundamental. Hoje temos mais proximidade, hoje ela recebe colinho sempre que pede, recebe carinho, ela não dorme mais sozinha, toda noite são histórias e mais histórias, deitamos juntos dela. Não come sozinha, gosta que estejamos juntos dela. Ela confia mais em seus pais, nos estímulos dados. Ela têm ficado mais calma, mais participativa. Ela têm escutado mais nossos conselhos. Ela acorda na madrugada, e vai sozinha para nossa cama, e lá fica, com acesso fácil e irrestrito.
Hoje, não tenho medo da dependência dela, hoje adoro que ela queria estar comigo. Pensava que isso poderia atrapalhar a vidinha dela, no futuro mesmo, mas não. Acredito que mais ter uma mãe amiga que confiar no mundo. Que ter meu apoio à fará mais confiante.
Acho lindo ver este amadurecimento que a maternidade nos dá. A teoria diz que o bebê não pode ficar grudado porque não será independente, mas o que se vê é exatamente o contrário: a sua independência se criará com base no amor e carinho que receberá dos pais. Eu sinto assim.
ResponderExcluirPara mim é muito claro que maternidade é doação e entrega. Sem isso, há muito conflitos nesta fusão mãe e filho. O engraçado é que a sociedade chama isto de anulação. Diz que mãe não pode se anular por causa de filho... Mas desculpa, pensar assim no começo, quando uma criança necessita da mãe, é muito cruel.
A gente tem que abrir mão de muita coisa, e fazê-lo com o coração aberto, sem ressentimento, sem querer estar em outro lugar, fazendo outra coisa. Aprendi a não ser mais egoísta, porque sim, fui no início, pensava mais em mim do que nela, na nossa fusão. Acho que já falei isso, mas vou repetir: para mim as coisas melhoraram muiiiiiiiiiito quando me entreguei de corpo e alma, depois que Alice completou um ano.
Então Clau, você mais do que ninguém é prova de como a sua presença completa e inteira é o melhor que Bella pode ter. Bjs em vcs!
Porque a vida nos ensina o melhor, mas porque nós é que fazemos a vida, e por isto suas palavras, Claudinha, são tão representativas dos sentimentos que muitas mães tem, mas que, por uma razão ou outra, não podem expressar à vontade. Você me representa amiga. Gratidão por compartilhar.
ResponderExcluirInteressante como a experiência vai nos moldando, né? No início vamos em busca das teorias, nos frustramos quando nos damos conta que a maternidade não é um mar-de-rosas, mas vamos nos conhecendo melhor, seguindo os nossos instintos e tudo fica mais fácil. Eu tenho certeza que o nosso apoio é o que as nossas filhas precisam para serem pessoas seguras no futuro.
ResponderExcluirBeijos!
Primeira vez que entrei no seu blog e a primeira postagem que eu leio é justamente o momento o qual eu estou passando com o Bernardo.
ResponderExcluirEu me cobro demais e me culpo também,mas a gente aprende a cada dia que é vivendo e aprendendo,que a maternidade não é um conto de fadas,que vamos errar aqui e ali,mas que no fundo estamos fazendo ou tentando dar o nosso melhor,
Acalma teu coração.
Beijos!
Olha amiga, é bem isso. Estou vivendo isso, penso em deixar ele ser mais independente, mas acho que tudo passa tão rapido, e temos que curtir tudo. Sei que não em excesso,mas carinho e colo sempre.
ResponderExcluirAno que vem para a creche e sei que quem mais vai sofrer sou eu, mas sei que é para o seu crescimento e desenvolvimento.
Amei o post.,
Bjs
Vivi e Isaac